"E ele gostava de ficar sentado algum tempo, encostado a um tronco, olhando a enorme baía em toda a sua extensão e pensando na vida. Por vezes conversava com um esquilo mais atrevido que vinha lhe pedir comida, entrevistava bandos de codornizes, cada vez mais raras, é preciso que se diga, ou até descobria alguma esquiva corça. E entendia naquela paz, com o barulho dos carros e das cidades muito lá ao longe, o contraste profundo da sua terra representado pela visão de abertura e progressista da ponte Golden Gate ao fundo e a visão da terrífica prisão de Alcatraz no rochedo isolado do meio da baía, de onde só uma vez tinham escapado dois ou três presos, tão monstruosamente concebida fora. A Golden Gate e Alcatraz tinham sido realizados pelo mesmo povo, o seu.
[...]
A ideia nasceu aí, num desses momentos em que havia algumas nuvens cinzentas e tristonhas, quando de repente o Sol irrompeu pelo meio delas, azulou o mar e enverdeceu as colinas. Alcatraz brilhou subitamente no meio do azul e parecia ameaça. Com o sol, a ideia, o raio, o trovão. Sim, ia arranjar um correspondente na Internet a quem contar os seus pensamentos mais íntimos. Mas tudo fechado a sete chaves de olhos indiscretos e persecutórios."